· 

6 PAPÉIS INESPERADOS DE UM PAI


 O meu pai biológico deixou-me quando eu tinha 2 anos de idade. Embora possa ser fácil assumir que eu era demasiado novo para ter qualquer dano a longo prazo, os meus primeiros anos de infância foram repletos de memórias dolorosas. Como resultado, passei horas a contemplar o papel de um pai na vida de uma criança.

 

Li os estudos que mostram que os rapazes na minha situação têm mais probabilidades de se envolverem em gangues, reprovarem na escola e acabarem nas drogas. Embora esse não tenha sido o meu caminho, a dor desses primeiros anos ainda orienta grande parte da minha vida atualmente.

 

 

O Papel de um Pai

 

Se és pai, a importância que tens para o teu filho é maior do que possas imaginar. O teu valor vai para além de qualquer provisão financeira que possas ou não proporcionar. Mesmo que o teu relacionamento com os teus filhos seja tenso, que tenhas pouco dinheiro ou que só os vejas durante algumas horas em fins-de-semana alternados, tu desempenhas um papel importante na formação do futuro do teu filho. 

 

Aqui estão os seis papéis de um pai que talvez não te tenhas apercebido.

 

 

1. Modelo (do caráter de Deus)

 

Para o bem ou para o mal, a nossa primeira impressão do caráter de Deus deriva do caráter do nosso pai terreno. Será Deus uma fortaleza fiável de proteção e força ou um mentiroso egoísta e narcisista? É alguém de quem nos podemos aproximar para falar dos nossos fracassos, ou quer bater-nos se sairmos da linha?

 

A falta de confiança no meu pai biológico ensinou-me que um pai celestial, se é que existia um, provavelmente não era de confiança. Quando a minha mãe voltou a casar, a última coisa que eu queria era permitir-me confiar novamente. Mas o marido novo dela mostrou-me um tipo diferente de paternidade. 

 

Quando as coisas se tornavam difíceis, ele ficava. Quando eu estava doente, ele limpava-me pacientemente com uma esponja e mantinha a febre sob controle. E quando eu fazia xixi na cama, ele mudava os lençóis sem me condenar. Muito lentamente, ele provou ser digno de confiança e tornou-se meu pai. Isso levou-me a acreditar que talvez, apenas talvez, também seria possível confiar em Deus. 

 

 

2. Professor 

 

Quando descobri que a minha mulher estava grávida do nosso primeiro filho, foi um sonho tornado realidade. Vi o corpo da minha mulher a mudar e crescer para apoiar a nova vida que estava dentro dela e perguntei-me quando é que o meu crescimento deveria acontecer.

 

Quando é que eu iria desenvolver a capacidade de reparar um carro ou recitar todos os livros da Bíblia de memória? Um dos papéis de um pai é ser professor, mas o que é que eu poderia ensinar? Eu próprio ainda tinha tanto para aprender. 

 

Depois de criar dois filhos até à idade adulta, aprendi que ensinar competências para a vida e curiosidades aleatórias sobre a Bíblia é bom, mas não é tão importante como eu pensava. O YouTube pode ensinar-nos a fazer um nó de gravata. O Google pode dizer-nos a idade de Matusalém. Mas um pai ensina-nos, de forma única, como viver. 

 

Como é que devemos lidar com a desilusão ou reagir quando o nosso chefe nos maltrata? Deus é real ou apenas algo de que falamos na igreja? O objetivo da vida é o sucesso financeira ou o sucesso do reino de Deus?

 

O meu pai era constantemente maltratado no trabalho, mas em vez de ripostar, dizia sempre: “Está nas mãos de Deus”. Na altura, isso deixava-me frustrado. Mas acabou por ser um testemunho poderoso da sua fé em Deus. A sua determinação silenciosa de confiar no plano de Deus falava mais alto do que as palavras. 

 

 

3. Protetor 

 

Quando saímos do hospital com a nossa filha recém-nascida, parecia tudo demasiado fácil. Estava sempre a olhar por cima do ombro, à espera de ver uma enfermeira a correr pela rua atrás de nós. Será que nos iam deixar levar esta criança para casa? Quando nos afastámos, percebi que estávamos por nossa conta. 

 

A viagem para casa foi a mais cautelosa da minha vida, a segurança da minha filha estava nas minhas mãos. 

 

A maioria dos homens compreende instintivamente o papel de um pai na proteção dos seus filhos. Não sou um homem agressivo, de forma alguma, mas se alguém tivesse ameaçado a minha filha, tenho a certeza de que uma transformação feia como a de um Hulk o teria enfrentado. Mas há outros tipos de perigos. Muitos deles estão nas nossas próprias casas. 

 

Estamos dispostos a limitar as nossas opções de entretenimento para proteger os nossos filhos de mensagens e imagens pouco saudáveis? E quanto ao acesso à Internet e às redes sociais? Ser um protetor é mais do que manter as crianças afastadas do “mau da fita”. É também não o convidar a entrar nas nossas casas. 

 

 

4. Reparador 

 

À medida que os meus filhos foram crescendo, eles pensavam que eu era um super-herói. O meu poder? Conseguia arranjar tudo. Pelo menos era isso que eles pensavam. Quer se tratasse de um camião de brincar avariado, de um peluche rasgado ou de uma grande farpa, não importava. O papá era o reparador. 

 

Embora seja verdade que a inclinação de um pai para resolver as coisas pode, por vezes, colocá-lo em apuros – como quando as nossas filhas procuram empatia e não soluções – um pai não deve ignorar os seus instintos de resolução de problemas. Deus concebeu os pais desta forma por uma razão. Só precisamos de aprender a usar os nossos poderes de forma correta. 

 

Um pai precisa não só de olhar para as questões imediatas da vida dos seus filhos, mas também de pensar estrategicamente. Neste momento, a tua filha pode precisar apenas de um ombro para chorar, mas quais são as questões mais profundas envolvidas? Há falta de confiança? Um grupo de amigos está a prejudicá-la? A infiltração de valores ímpios? Pensa no que a tua filha precisa nos próximos cinco dias, cinco meses e cinco anos. Depois, trabalha para responder a essas necessidades. 

 

E não te preocupes se não conseguires resolver todos os problemas. A melhor coisa que podes fazer é apontar estrategicamente os teus filhos para Aquele que pode. 

 

 

5. Modelo (de como um homem trata uma mulher).

 

Depois de apresentar o meu pai a uma amiga, ela disse: “És parecido com ele”.

 

Sorri para mim próprio ao pensar que não partilho nenhum do seu ADN. Mas partilhamos tantos maneirismos e pequenas peculiaridades que, mesmo assim, se formou uma semelhança. É ainda mais engraçado quando penso em quantas destas semelhanças foram “passadas” para o meu próprio filho. 

 

Sem sequer tentar, o comportamento de um pai ajuda a moldar as gerações futuras – uma lição inesperada após outra.

 

Se as crianças apanham o pai a olhar para outras mulheres, aprendem que o compromisso é passageiro, que o autocontrolo é um mito e que a aparência é tudo. Se o pai escolhe viver com a mãe, mas não se casa com ela, aprendem que os homens não precisam de assumir compromissos e que as mulheres devem ser mantidas por perto apenas enquanto forem úteis. Estes podem não ser os valores que queremos transmitir, mas as nossas vidas fornecem o modelo. 

 

Depois do casamento da minha filha, encontrei um bilhete à minha espera na minha cama. Entre outras coisas, ela escreveu: “Eu sabia o que procurar num marido pelo teu exemplo”. Foi ótimo ler aquilo, mas fez-me imediatamente pensar nas lições que o meu filho estava a aprender ao observar-me. Estaria eu tratar a minha mulher como quero que ele trate a dele um dia?

 

 

6. Guerreiro 

 

Uma noite, acordámos com um forte estrondo e o som do alarme que nos dizia que a porta das traseiras tinha sido arrombada. Em pânico, a minha mulher e eu reunimos os miúdos no nosso quarto e trancámos a porta. Depois, violando toda a sabedoria tática, agarrei numa espada decorativa que estava na parede, abri a porta e desci as escadas aos gritos. 

 

Felizmente, fui recebido por um cano rebentado a deitar água e não por algo mais sinistro. 

 

Como pai, a minha função é usar toda a força que tenho para lutar pela minha família. Mas lutar nem sempre é visto como algo positivo. Jesus é mais conhecido pela Sua mansidão de cordeiro, em que dá a outra face e absorve os insultos com graça. Embora seja verdade, Jesus não é apenas um cordeiro gentil. É também um Leão forte e apaixonado. Quando Jesus viu o mal, entrou de cabeça na batalha em nosso nome para o derrotar. 

 

O nosso mundo está cheio de males, alguns dos quais ameaçam diretamente as nossas famílias ou outras pessoas. Tal como Jesus, os pais não podem ser passivos perante o mal. Temos de estar dispostos a correr para a batalha. 

 

Segunda de Coríntios 10:4 diz: “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas, sim, poderosas em Deus, para destruição de fortalezas”. 

 

As nossas orações não são espadas ineficazes. Elas têm poder. A tua fé está centrada em criar conforto? Ou está disposta a ir onde é perigoso em defesa dos fracos? Quando uma criança testemunha um pai em batalha em nome dos outros, isso ensina-lhe que algumas coisas são maiores do que nós. 

 

O Salmo 127:4 diz que as crianças são “como flechas na mão de um guerreiro”. As flechas não são feitas para serem guardadas em segurança na sua aljava para sempre. Eventualmente, temos de as lançar para a batalha. Dá-lhes uma visão de algo pelo qual vale a pena lutar. 

 

 

O principal papel de um pai: Apontar para o Único 

 

Quando penso em todos os papéis de um pai na vida de uma criança, não posso deixar de me sentir um falhado. Por mais dedicado ou intencional que seja, nenhum homem consegue acertar 100% das vezes. Para cada época de sucesso, há épocas de fracasso Felizmente, até os nossos fracassos podem ser usados para apontar aos nossos filhos o Pai perfeito – o nosso Pai celestial. 

 

E Ele nunca os vai desiludir. 


Direitos de autor © 2023 por FamilyLife. Todos os direitos reservados.

 

Carlos Santiago é escritor sénior da FamilyLife e já escreveu e contribuiu para inúmeros artigos, e-books e devocionais. Tem uma licenciatura em psicologia e um mestrado em aconselhamento pastoral. Carlos e a sua mulher, Tanya, vivem em Orlando, na Florida. Podes saber mais no seu site: https://www.youreverafter.org 

 

Artigo Original aqui.

Write a comment

Comments: 0

 

 

CONTACTOS

NACIONAL e LISBOA - Júnia Barbosa - 914702199 - info@familylife.pt

PORTO - Miriam Pego - 936114343 - porto@familylife.pt