Nas lojas, tudo está a ficar cor-de-rosa. Os corações estão espalhados por todo o lado e até parece que o mundo é feito de chocolate. Mas se acordamos para o Dia dos Namorados numa fase em que o casamento está a ser difícil, cada pequeno coração de papel penetra na nossa pele.
E se a tua vida fosse uma caixa de chocolates – de certeza que se sentiria vazia neste momento.
As pessoas estão a celebrar aqueles que amam, vomitando poesia e canções de amor. E isso só acentua o facto de estarmos com "alguém que toleramos".
Ou cujas palavras te magoam tantas vezes que o teu coração fica calejado, quase irreconhecível.
Ou a dor que absorveste este ano deixa-te a coxear.
Como é que se celebra o Dia dos Namorados quando o casamento é difícil?
Podes estar a pensar: “Tenho de o fazer?” A resposta é não.
Relaxa. O Dia dos Namorado é uma construção humana. Não existe na Bíblia o versículo “comprarás 12 rosas”.
“Ainda bem” - podes estar a pensar. “Deram-me um ramo de veneno. Não estou muito interessada em flores neste momento.”
Quando a nossa vida está cheia de traições, de vícios de alguém ou de ciclos que nunca mudam, o Dia dos Namorados pode parecer assim: “Ficámos casados mais um dia. Yey.”
Honestamente? Isso é algo para celebrar.
Por isso, digamos que as ideias que se seguem são para aqueles que têm a capacidade de dar um passo além da sobrevivência... Que têm a capacidade de imaginar algo mais do que aquilo em que se encontram.
É claro que amar é exponencialmente mais fácil quando alguém ama em troca. Quando fazem as pequenas coisas – descarregar a máquina de lavar a loiça, o beijo no pescoço – juntamente com as grandes coisas (Respeito. Consideração. Compromisso.)
No entanto, qualquer história de amor que valha o seu chocolate sobrevive com o favor e a bondade que não merecemos, não esperamos. É uma história de perdão, paciência e incondicionalidade.
Porque é que o teu Dia dos Namorados importa.
Este tipo de amor diz: “Eu escolho-te. Através da capacidade de amar e da capacidade de não amar. Quando é fácil e quando é como arrancar um pedaço do meu próprio coração.”
E, ao fazê-lo, estarás a reproduzir o que Jesus faz por nós: “Mas, Deus prova o seu amor para connosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Romanos 5:8).
Ele explica que nos deu um presente que nós não merecíamos: “é dom de Deus, não vem das obras” (Efésios 2:8-9).
Na Bíblia, vemos casamentos difíceis a passarem por isto: Oseias, que ama a sua mulher, que é também a prostituta do bairro. Abigail, que age com uma coragem feroz apesar do seu marido pôr em perigo a vida de toda a sua propriedade. Sara, que trata o marido com respeito, mesmo quando ele tenta (hum, duas vezes) fazer-se passar por seu irmão.
A narrativa bíblica do matrimónio é o amor imerecido e total.
Por isso, em última análise, este dia – caso decidas aceitá-lo – é uma oportunidade para honrar um cônjuge que é difícil de amar. Que talvez não o mereça.
Como seria honrares o teu cônjuge no Dia dos Namorados quando o casamento é difícil?
Aqui vão algumas ideias práticas.
1. Pensa para além dos chocolates.
Esta requer alguma oração primeiro. Mas é mais importante do que qualquer outra coisa que se possas fazer no Dia dos Namorados, com todo aquele cor-de-rosa a pairar sobre um casamento exausto.
Para te preparares, pensa na mulher que derramou perfume, no valor de um ano de salário, sobre os pés de Jesus, enxugando-os com os seus cabelos. Ou refletir sobre as palavras de David: “porque não oferecerei ao Senhor, meu Deus, holocaustos que me não custem nada” (2Samuel 24:24).
Pergunta a Deus o que é que Ele gostaria que desses ao teu cônjuge que fosse mais valioso para Ele. Algo que não se pode embrulhar e colocar um laço de felicidade.
Talvez seja escolheres dar a esta relação tudo o que tens, quer o teu cônjuge o receba ou despreze.
Pode ser desistir do único hábito que vos divide. Aquele que tens quase a certeza de que não o queres fazer.
Ou talvez seja escolher aproximares-te de alguém, apesar da rejeição quase constante, do sarcasmo, do mau humor ou do desrespeito extravagante.
Talvez seja o perdão.
Qual é o trabalho duro e corajoso que Deus te pediria para fazer em relação ao teu cônjuge?
2. Compra um cartão de felicitações com espaço suficiente para escreveres as tuas próprias palavras.
Reafirma o teu compromisso para com o teu cônjuge sem encobrir o que está cru. Por exemplo:
“Tem sido uma época difícil para nós. Mas isso é mais uma razão para te dizer que acredito em nós. Eu escolho-nos. Dedico-me a ti e ao nosso casamento, nas épocas de sol e nas de tempestade. Amo-te muito para além do romance. Amo-te para toda a vida.”
Podes incluir um cartão de oferta para um café: “Vamos passar algum tempo a recordar como somos bons juntos.”
3. Observa o teu cônjuge para dares o presente certo. Pede a Deus ajuda.
Em vez de algo grande, pede a Deus que te mostre um presente que faça com que o teu cônjuge se sinta visto e conhecido. Pensa numa prenda que possa demonstrar isso.
Talvez seja um par de luvas para todas as vezes que ela estiver a descongelar o carro – e um livro de cupões dos dias em que o farás por ela. Pode ser um livro de canções para ele continuar a praticar a sua música, apesar de ter tido contratempos este ano. Pode ser um conjunto de pincéis e um vale oferta para uma aula, para que ela possa explorar a sua forma de ser, para além das crianças.
4. Abram espaço para investir na vossa relação.
Os grandes casamentos não acontecem. Eles são construídos.
Pensem em criar espaço para falar. Dedicar tempo para compreender e perdoar, mesmo neste Dia dos Namorados, quando o casamento é difícil. Criar uma relação positiva entre vocês os dois. Fazer o tipo de perguntas que revelam os verdadeiros sentimentos do seu cônjuge. É provável que nada disto aconteça no meio da correria dos miúdos para o karaté, do pagamento das contas e dos telemóveis a tocar.
Por isso, talvez isso signifique comprometerem-se a sair uma vez por mês durante os próximos seis meses, e marcar isso no calendário para mostrar que estão a falar a sério.
Talvez signifique que finalmente arranjaram um tempo para aquele fim-de-semana fora que vai fortificar a vossa relação (Por exemplo o retiro de preparação para o casamento da Family Life Portugal que está quase a chegar!)
Talvez marquem um encontro noturno e tratem dos pormenores: a ama, a lista de músicas, a massagem sem compromisso depois. E comuniquem: “Isto é só o começo. Espero passar este ano a trabalhar em nós”.
“Porque vale a pena salvar-nos. Vale a pena amarmo-nos. E eu acredito num Deus maior do que nós.”
Copyright © 2020 Janel Breitenstein. Todos os direitos reservados.
Janel Breitenstein é autora, escritora freelancer, oradora e colaboradora frequente de FamilyLife, incluindo na Passport2Identity®, Arte da Parentalidade, e com artigos regulares. Depois de cinco anos e meio na África Ocidental, a sua família de seis pessoas regressou ao Colorado, onde continua a trabalhar em prol dos pobres com a Engineering Ministries International. O seu livro, sobre competências de vida espiritual para famílias complicadas (Zondervan), foi lançado em março de 2021. Podes encontrá-la em – “The Awkward Mom” – a ter conversas importantes e desconfortáveis em JanelBreitenstein.com e no Instagram @janelbreit.
Artigo Original aqui.
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Diana Barbosa Diogo (Monday, 12 February 2024 23:49)
É sempre bom ler os vossos artigos!
É sempre um abre olhos e por mais que saibamos certas coisas é sempre bom relembrarmos e vocês fazem isso tão bem! Obrigada ❤️�