Uma pergunta que me fazem frequentemente sobre o meu trabalho em FamilyLife é: O que te trouxe para o ministério da família sendo uma mulher solteira? É uma pergunta compreensível, uma vez que não sou nem nunca fui esposa ou mãe, embora espere vir a sê-lo.
A tentação, então, pode ser a de acreditar que o meu papel crucial na família só começa quando eu encontrar um marido e começar a “minha” família. E sinceramente? Essa é uma tentação em que eu já caí muitas vezes.
Também tenho amigos que sentem o chamado do Senhor para o celibato, tão claramente como o sentiram a chamá-los para as suas carreiras, para a sua igreja ou para outras formas de glorificar a Deus. Qual é o papel deles na família?
Antes de responder a estas perguntas, eu quero esclarecer uma coisa.
Casado ou solteiro, todos têm um papel insubstituível a desempenhar.
No caso de seres daqueles que passa ao lado as legendas, deixa-me repetir: O teu envolvimento na tua família é importante. O facto de seres solteiro/a não te exclui do papel crucial que Deus te atribuiu na tua família.
Penso que, por vezes, sentimo-nos mais à vontade ao colocar as pessoas solteiras na sua própria categoria. A maior parte das igrejas tem um ministério familiar e algumas têm um ministério para solteiros. Estes ministérios contextualizado destinam-se a ajudar as pessoas a conectarem-se com outras na sua fase de vida e a fazer chegar às suas mãos os recursos e ligações mais relevantes. Isto é bem e necessário.
Mas é igualmente bom e necessário que todos nos lembremos de que os solteiros têm de participar ativamente na família. É normal que uma pessoa solteira desfrute da sua independência, mas não ao ponto de se isolar. Os solteiros têm muito para dar e muito para aprender quando passam tempo com as famílias, especialmente com as suas próprias famílias. O nosso estado civil é apenas uma forma de fazermos parte de uma família – cada um de nós tem um papel a desempenhar desde o momento em que nascemos.
Se és Cristão, ganhaste um novo papel na família no dia em que foste salvo. Se não és Cristão, espero que este artigo te inspire a aproximares-te mais da tua família e que consideres também o que significa pertencer à família de Deus.
Os solteiros e as suas famílias biológicas ou adotivas.
O que te vem à cabeça quando pensas no teu papel na família? Talvez penses em ser filho ou filha, irmã ou irmão, neto ou neta, sobrinha ou sobrinho, tia ou tio, etc.
Mas o que significa de facto viver esses papéis?
Significa fazer um investimento ativo na vida de um familiar. De que forma é que essa pessoa se pode sentir cuidada? Como é que Deus pode querer usar-te (a tua personalidade, capacidades, etc) na vida do teu familiar? Como é que podem aprender uns com os outros?
Podes estar a perguntar-te: será que a minha presença fará assim tanta diferença? Pensa numa altura em que o gesto amável ou as palavras de sabedoria de um familiar te afetaram verdadeiramente. Acreditas que podes ter esse mesmo impacto nos outros?
Se fazer parte da tua família tem sido uma experiência difícil ou dolorosa, talvez Deus queira usar-te para começar um novo legado – ser essa pessoa segura, esse exemplo de Jesus para os outros. Deus pode querer usar as tuas formas específicas de relacionamento e encorajamento para levar um membro da família até Ele.
Uma nota importante: Reconheço que nem todas as famílias são seguras. Se vens de um lar físico e/ou emocionalmente abusivo, Deus está de luto contigo. A tua segurança é de maior importância e encorajamos-te a ligar para a linha direta nacional de violência doméstica (800 202 148) se estiveres numa situação de perigo.
Os solteiros e a sua família espiritual
A família espiritual não é uma espécie de pseudo-família ou um termo que só devemos referir quando falamos de celibato. Não, de acordo com o próprio Senhor, a nossa família espiritual é a mais profunda forma de família que temos.
Vemos Jesus a viver esta realidade quando a sua mãe e irmãos querem falar com Ele enquanto Ele está a ensinar. Em vez de ir ter com eles, Jesus faz um gesto para os seus discípulos e diz: “Eis aqui a minha mãe e os meus irmãos” (Mateus 12:46-50).
Eu costumava achar esta história muito confusa. Estaria Jesus a ser rude para com a sua própria família? Mas no versículo 50, Jesus diz: “Porque, qualquer que fizer a vontade do meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe”. Ou seja, Jesus está a honrar o propósito de Deus para Ele naquele momento: ministrar à sua família espiritual.
Acredito que Deus tem responsabilidades divinas para as pessoas solteiras viverem tanto nas suas famílias biológicas como nas suas famílias espirituais. Todos temos uma contribuição única para dar, utilizando as nossas capacidades e paixões para servir a igreja e a comunidade. Será que estamos a tratar o nosso lugar na família espiritual de Deus como sendo eternamente significativo?
A Bíblia é essencialmente a história de Deus a convidar-nos para a Sua família. No Antigo Testamento, era-se filho de Deus se se nascesse numa tribo de Israel. Mas no Novo Testamento, Cristo torna possível que qualquer pessoa se torne um filho de Deus ao aceitar a Sua morte e ressurreição em nosso favor. Os crentes já não nascem como filhos de Deus, mas são adotados na Sua família (Efésios 1:5; Romanos 8:15). Por causa de Cristo, tanto os judeus como os gentios podem agora “clamar: Aba, Pai!”.
A partir de Atos, as Escrituras centram-se mais na igreja e na forma como os Cristãos devem amar e relacionar-se uns com os outros. Em 1Timóteo 5:1-2, os crentes são instruídos a tratar os outros membros da igreja como família.
Então, como é que eu posso investir na minha família?
Sei que isto pode ser difícil de ouvir, mas por vezes é preciso ser o primeiro a dar o primeiro passo, quer seja ao fazer aquele telefonema ou oferecer apoio e um ouvido atento a um pai ou mãe exausto/a. Talvez seja organizar um conjunto de refeições para um casal que acabou de ter um bebé ou que está a lidar com uma lesão ou doença. Ou talvez seja ir assistir à atuação da sobrinha ou do sobrinho na peça de teatro da escola.
É uma questão de dar, mas também de receber. De acordo com Provérbios 27:17 “Como o ferro com o ferro se aguça, assim o homem afia o rosto do seu amigo”. Deus quer usar estas relações para vos ensinar a ambos.
Estou grata por ter amigos em diferentes fases da vida, quer sejam solteiros ou casados, pais e/ou tenham ninhos vazios. Por isso, se admiram alguém na vossa vida pelo seu papel na família, digam-lhe isso. Talvez seja uma mensagem de texto ou um comentário rápido, ou talvez possas convidar alguém para tomar um café contigo.
Quer estejas a estender a mão ou a ser convidado para entrar, a tua participação na tua família e na família de Deus é tão necessária. Tens um trabalho a fazer, na tua família biológica e na tua comunidade. Há pessoas para servir e para serem servidas, pessoas com quem crescer e com quem experimentar a vida.
A diferença que o teu envolvimento pode fazer.
O teu envolvimento na família é tão importante porque as nossas relações foram concebidas para demonstrar o amor de Cristo ao mundo. As tuas relações familiares podem encorajar as pessoas que ainda não conhecem a Deus. Podem até ser a via através da qual chegaste (ou podes vir a chegar) a conhecer o Senhor. Podem também ser a âncora de apoio de que precisas à medida que dás um passo na fé para amar os outros.
A influência que uma pessoa solteira pode ter nas famílias da sua comunidade é demonstrada claramente na forma como FamilyLife começou. O nosso ministério começou devido ao "fardo que Deus colocou no coração de uma mulher solteira".
Essa mulher solteira é a Ney Bailey. Ela viu famílias a servir no ministério mas, sem dar prioridade às suas relações entre si. A sua forte convicção de que algo precisava de mudar, juntamente com os esforços de colaboradores como o Dave e Sande Sunde, Don Meredith, Dennis e Barbara Rainey, deu início ao “Weekend to Remember”, que cresceu e se tornou em FamilyLife.
Graças a Deus, Ney Bailey viu que Deus tinha um papel a desempenhar para influenciar as famílias da sua zona e de todo o mundo. Deus usou-a não só para transformar famílias, mas também para inspirar pessoas solteiras como eu a servir no ministério familiar.
Enquanto solteiro, tens um papel único a desempenhar na tua família. Então, como é que podes investir mais na família em que Deus te colocou?
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Alex McMurray trabalha como coordenadora de serviços no UPMC Western Psychiatric Institute and Clinic em Pittsburgh, na Pensilvânia. Recentemente, ela saiu de Orlando, onde serviu no Family Life como redatora de conteúdo de 2020-2023. Ela formou-se na Universidade de Cedarville com uma licenciatura em psicologia com foco nos estudos da criança e da família. No seu tempo livre, ela gosta de ter conversas profundas durante o café, jogar jogos de tabuleiro e aventurar-se ao ar livre. Podes ler mais sobre o seu conteúdo em alexmcmurraywrites.com ou segui-la no Instagram @alex_mcmurray_.
Artigo Original aqui.
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